Nenhum processo que envolva mudanças é simples. Na transição de carreira, esse processo é complicado por toda a prematuridade com que decidimos nosso futuro. Conheça os motivos que podem te levar a transição – e saiba tudo o que precisa considerar para a sua mudança!
Desde a infância somos questionados com a famosa pergunta: “o que você vai ser quando crescer?” (só não mais batida que “cadê os/as namoradinhos/as?”). Assim, tínhamos que ter uma resposta, mesmo sem ter ideia do peso que essa pergunta carrega.
Na adolescência, o “cerco” parece se fechar cada vez mais. Dessa maneira, fomos bombardeados por mil perguntas – o que nos fez sentir a pressão de escolher uma carreira para fazer o vestibular.
O ponto mais crítico desse “corre” em busca da formação perfeita é que geralmente não temos a vivência naquela formação e nem maturidade para decidir algo tão complexo. Então como poderíamos saber aquilo que se encaixa com os nossos desejos, planos futuros e propósito?
Por que a insatisfação?
O que pode acabar acontecendo:
- muitos escolhem a graduação que os seus pais projetaram para eles;
- outros fazem a mesma graduação do pai ou da mãe, pois já possuem uma certa familiaridade com a profissão;
- um outro grupo escolhe “o que vier, pois o importante é ter o diploma na mão”;
- o desejo por ser bem-sucedido leva a graduação mais “pomposa” por achar que logo receberá prestígio e um salário gordo.
Assim, desses cenários, o resultado sempre acaba em frustração.
Cursar e trabalhar com algo que nada tem a ver com você – ou que simplesmente deixou de fazer sentido – gera uma insatisfação imensa e a sensação de impotência, pois as contas precisam ser pagas no fim do mês e “não há nada que possa ser feito”. Mas há.
A transição de carreira, então, está cada vez mais em pauta, pois o mercado de trabalho, que antes seguia um fluxo e levava as pessoas a se aposentarem em seu primeiro emprego, tem hoje uma dinâmica bem menos linear.
Motivos que levam à transição de carreira
Os motivos mais frequentes são:
- falta de qualidade de vida;
- profissão “em extinção”;
- demissão em massa;
- limite de idade;
- crise no setor;
- estresse.
As razões não param por aí. Muitas vezes a transição acontece de forma inesperada. Se você não sabe se compra uma bike ou se permanece na sua área de formação, chegou a hora de você repensar na sua decisão.
O que considerar na transição de carreira
Não se apresse
Estude bastante sobre a área que você quer migrar. Pesquise por empresas, dinâmica de trabalho, encontre profissionais da área e bata um papo para saber por quem vive diariamente aquela rotina. Não faça a transição de carreira por modismo ou ganância.
Alinhe estilo de vida
Se você precisa de mais tempo para equilibrar vida pessoal, familiar e profissional, algumas áreas não são para você. Analise as vantagens e desvantagens de cada uma.
Tenha as habilidades requeridas
Por mais que você goste de uma profissão, talvez você não tenha as habilidades essenciais para efetuar um bom trabalho. Avalie bem!
Vá em eventos e faça cursos
Faça uma imersão na área que você quer seguir para ter mais familiaridade e pouco a pouco construir network.
Coloque os custos na ponta do lápis
A transição de carreira gera custos e é importante considerá-los. Ter esse conhecimento ajudará você a definir se fará uma transição gradual ou abandonará o trabalho de vez para construir a nova profissão.
A transição de carreira por quem já viveu essa experiência
Larissa Florindo hoje é redatora e trabalha com comunicação digital. Entretanto, a sua formação é em Gestão da Tecnologia da Informação.
Larissa sempre teve o desejo de trabalhar com internet e comunicação, mas esse parecia um sonho distante. Por ter contas à pagar, ela foi trabalhando com o que aparecia, e pouco a pouco foi estudando sobre a área, até então nova no Brasil.
A profissional estava trabalhando como terceirizada em um grande portal do país na área de help desk, quando surgiu a vaga sem remuneração para ser editora de um blog de tecnologia. Sem pensar duas vezes, se candidatou e conquistou a vaga.
A mudança
Aquela experiência foi seu divisor de águas.
Sem dinheiro para fazer uma graduação ou cursos na área, optou pela dupla jornada: trabalhava tanto em seu sonho quanto no escritório para manter as contas em dias. Além disso, estudava por conta própria e assim, foi conseguindo outros trabalhos sem remuneração ou com uma remuneração mais baixa, mas que ajudavam a construir o seu portfólio.
Foi bolsista na faculdade e o único curso que ela conseguiu com a sua nota foi a de Gestão da Tecnologia da Informação. Aceitou o desafio, e enquanto isso trabalhava para o blog sem remuneração, e agora para uma seguradora para manter as contas em dia.
Com uma condição financeira um pouco melhor, fez cursos pagos, gratuitos e o estágio foi em uma agência de publicidade na área de social media. O sonho estava se realizando!
E como ela está hoje?
De lá pra cá, ela não saiu mais da área de comunicação digital passando por agências, atendendo a clientes de peso, tanto em nível nacional como multinacional.
Ao todo são quase 12 anos na área e 9 trabalhando na área com carteira registrada.
“Eu não pensei muito sobre os efeitos da transição de carreira na época.
Eu simplesmente corri atrás do que eu queria, e por eu não ser rica, vi a dupla jornada como a única forma de conquistar o que eu tanto queria.
Hoje sei que essa mudança custou um preço. Eu precisei dar alguns passos para atrás para trabalhar com comunicação digital, enquanto os que estavam cursando ou formados na área, já estavam há alguns passos luz. Faz parte e tá tudo bem. Tudo na vida tem o seu sacrifício.”
Ela se arrepende?
“Jamais. Eu trabalho com o que eu gosto e acredito. Eu acredito que a comunicação muda o mundo, as relações e ser agente transformador nisso é uma honra imensa.
É claro que financeiramente falando eu gostaria de estar em outro patamar, mas continuo a estudar e a correr atrás.”
Nem todos conseguem da primeira vez se encontrar na graduação escolhida, e está tudo bem. A vida é mais do que um diploma.
Cobre-se menos e faça as escolhas que você acredita serem as melhores para você. Se não der certo, tente outra vez, de outro jeito. E se precisar, conte com a gente para te ajudar 😉