Esse post faz parte da série de post sobre a CSW63, conferência da ONU para debater a temática de gênero ao redor do mundo. Luiza Kormann, Embaixadora Bettha, representou a gente nesse evento! Nesse post, ela fala um pouco sobre o painel sobre mulheres na tecnologia. Também rolou entrevista com Natacha Romano, que compartilha todas as impressões de ser mulher e trabalhar na área de tecnologia. Confira!
Oi pessoal! Voltei pra falar de um assunto SUPER bacana que esteve bem em pauta na CSW63: Mulheres na tecnologia!
Sem sombra de dúvidas esse foi um painel SUPER marcante na minha experiência, muito por ser tão fora da minha zona de conforto: eu nunca tive contato com a área de tech!
Aprendi muitão (e não vou mentir, criei um carinho especial pela área e uma grande vontade de aprender mais sobre). Reconheci muitas das dores de outras áreas nas falas das painelistas. A diferença de salários, a masculinização dos espaços de trabalho…
Mas o que me chamou a atenção foi a questão da representatividade feminina na tecnologia e a centralidade dada a temática. Perceba, a presença da mulher em vários espaços é um problema (na tecnologia, por exemplo, a mulherada representa 20% dos profissionais da área no Brasil em 2018), o bacana aqui é que a preocupação com a paridade é encarada também como principal ferramenta para mudança. Sabe o fazer do limão uma limonada? Então, é isso aí!
A importância de modelos mulheres
Vocês já devem ter cruzado com a mulher na imagem acima, e não é a toa! Essa é a Grace Hopper, também conhecida por Vovó COBOL, grande dama do software, rainha da codificação, rainha da programação, uffa! É mais nome que a Daenerys!
Vale a pena conhecer um pouco mais sobre a história da Grace. Saber dessa e de outras mulheres incríveis na tecnologia é super importante para as meninas entenderem esses espaços como sonhos possíveis, terem modelos e estímulos diversos.
Agora, como eu não sou da área tech, fui pedir um help dazamigas para entender melhor quais são os desafios reais da mulher que trabalha com tecnologia aqui no Brasil.
Falei com a Natacha Romano que é desenvolvedora front-end (ou divaloper) e o papo foi muito bacana, confere ai!
Conversa com Natacha Romano
Meu nome é Natacha Romano, tenho 26 anos, sou desenvolvedora front-end (ou divaloper), e entusiasta em astronomia. Meu maior desafio foi me transformar em uma pessoa de exatas, sendo de humanas. Amo tecnologia, amo incentivar mulheres a entrarem na área, hoje finalmente sou feliz com meu trabalho.
Bettha: Conta um pouquinho da sua trajetória de carreira.
Natacha Romano: Me formei em design de moda em 2014. Saindo da faculdade tive minha marca de camisetas, e logo depois comecei a trabalhar com design gráfico e marketing digital, depois de 3 anos resolvi estudar e entrar na área da tecnologia, onde estou hoje.
(B) Quando optou pela transição de carreira, quais e quens foram seus principais apoios? E os principais desafios?
(NR) A gente tem que escolher o que queremos fazer da vida muito novos. Fui fazer moda e achava que era isso que eu gostava. Com o passar dos anos, na faculdade, fui gostando cada vez menos daquilo. Me formei do mesmo jeito, mas logo meu primeiro emprego foi voltado pro marketing e design gráfico. Fiquei uns 3 anos trabalhando com isso, mas eu não me via feliz, não me via fazendo isso no futuro. Estava bem perdida sobre minha carreira.
Então meu namorado entrou na área da tecnologia e ficou apaixonado, me incentivou muito a começar a estudar. Eu demorei, enrolei, mas um dia fui ver o que tinha de bom. Eram muitas áreas diferentes que eu poderia trabalhar. Como eu tinha o background de designer, me interessei pelo front-end. Comecei a fazer cursos online por conta própria e, após 5 meses, consegui minha primeira oportunidade de emprego.
Cheguei lá bem crua, mas aprendi muita coisa. Hoje já estou em outro lugar e já completei um ano trabalhando na área. As vezes tenho aquela síndrome do impostor, o que eu descobri que absolutamente normal, principalmente nessa área. Meu namorado é a pessoa que mais me apoia todos os dias, sou muito grata a ele. Nessa área quase tudo é desafio, principalmente quando você era de humanas e se torna uma pessoa de exatas.
Quando eu não consigo resolver um problema, eu fico frustrada, penso em desistir. Mas quando tudo se resolve, a satisfação não tem preço. É uma transformação, mas eu estou amando. Sinto que deveria ter seguido esse caminho desde o começo, porque desde criança já mexia nos HTML da vida e sabia fazer tudo sozinha no computador.
(B) Quais os principais impactos (positivos e negativos) sentidos como mulher na área de tecnologia?
(NR) O primeiro impacto foi inclusive um dos motivos para eu entrar na área. É uma área universal, posso trabalhar em qualquer lugar do mundo exatamente da mesma forma. O que me impactou também foi a quantidade de startups com soluções maravilhosas para ajudar o mundo, nosso dia a dia etc…
Os impactos negativos… acho que o primeiro foi o machismo. Tive colegas arrogantes que me fizeram sentir inferior porque sou mulher. Esse foi um dos motivos por eu ter saído de uma das empresas. Eu preciso estar em um ambiente que eu me sinta confortável, um ambiente saudável. Hoje estou em um lugar melhor. Apesar das mulheres serem minoria, é uma empresa que apoia diversidade, e todo mundo se ajuda lá dentro.
(B) Quais e quem são suas principais inspirações?
(NR):
– Ada Lovelace, que foi a criadora do primeiro algoritmo da história!
– Todas as mulheres que se encorajam a entrar na área.
– Meu namorado, que me incentivou, e é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço. É super reconhecido na área de Ciência de Dados, e a dedicação nos estudos é de dar inveja.
(B) Na sua trajetória em tecnologia, cruzou com iniciativas voltadas para mulheres na área?
(NR): Sim! Conheci muitas iniciativas, cursos, bootcamps, meetups… Sempre indico conhecidas e amigas que estão começando. São grupos muito legais, onde as mulheres se apoiam e se ajudam. Citando alguns nomes, os que conheço são: Reprograma, Laboratoria, PrograMaria, Mastertech, PyLadies, Django Girls e JS Ladies. Além disso, tem muito grupo no Facebook e no Telegram também.
(B) A presença feminina na tecnologia vem crescendo. O que você acredita que tem impactado nesse crescimento?
(NR): Acredito que essa onda de empoderamento. As mulheres estão ficando mais fortes e cada vez apoiando umas as outras, e quando você vê um exemplo na área da tecnologia, isso te encoraja mais ainda. Queremos que essa história de “programar é coisa de homem” fique para trás. Queremos equalizar a área, com igualdade de salários e empregos, deixar esse preconceito de lado, mudar a cabeça de empresas e profissionais quadrados.
Vejo muitas empresas também dando oportunidades a mulheres e apoiando a diversidade nas empresas, fazendo isso acontecer. Infelizmente, só vejo isso em apenas empresas mais modernas, que são comandadas por pessoas mais jovens, mas isso vai mudar. Ou muda, ou as [outras] empresas ficarão para trás.
(B) Quais seus sonhos para o futuro da área? E como chegar lá?
(NR) Meu maior sonho é uma experiência de trabalho fora do Brasil. Um dos lugares que estou de olho é Amsterdam na Holanda, pois é o segundo maior hub de tecnologia da Europa, perdendo apenas para Irlanda. Lá tem milhares de empresas incríveis para se trabalhar além da qualidade de vida que me encanta demais.
Também quero aprender novas tecnologias, como back-end, pois pretendo ser Fullstack daqui um tempo. Ou então, quem sabe, eu não me apaixono por alguma outra área da tecnologia, como machine learning ou inteligencia artificial…
Mas acho que meu maior sonho, hoje em dia, seria estudar astrofísica e trabalhar na SpaceX, rs. É um sonho distante, mas quem sabe né?
Para chegar lá, seria estudando MUITO! É uma coisa que faço muito e acho que não vou deixar de fazer tão cedo. Então estudem!
Para saber mais sobre a área de Tecnologia, confira o Descobrindo Áreas #3 e mate sua curiosidade! :3