Chegou o mês de setembro e, com ele, a campanha Setembro Amarelo. Surgida em 2014, ela incentiva discussões sobre depressão e outros problemas emocionais.
Falar sobre essas questões em tempos de pandemia é ainda mais importante, pois o número de casos de pessoas com depressão, ansiedade e estresse nesse período aumentou consideravelmente.
Em tempos de tantas inseguranças, luto, perdas e isolamento social, é natural que as pessoas se sintam mais pressionadas e tenham dificuldade em lidar com tantas emoções ao mesmo tempo.
Apesar dos casos de transtorno mental aumentarem, em contrapartida, ainda há silêncio quando se entra em assuntos como este.
Os tabus em torno da depressão inibem um diálogo honesto e a busca por tratamento, levando pessoas a sofrerem profundamente (e sozinhas) e, nos piores casos, a um desfecho trágico. E, como se isso não fosse o bastante, ainda há preconceito sobre esse assunto no mercado de trabalho.
O medo de ser tachado de “doido”, “emotivo demais”, “não é bom das ideias” isola ainda mais as pessoas que sofrem de depressão, que sentem que devem minimizar a gravidade de sua doença e tentar fingir que está tudo bem.
Então, já que estamos no Setembro Amarelo, bora falar sobre o assunto?
Como começou o Setembro Amarelo?
O Setembro Amarelo® é uma campanha da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) que tem o objetivo de prevenir e reduzir os números de suicídios relacionados a transtornos mentais.
O dia 10/09 é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, no entanto, a campanha acontece durante todo o ano e no mês de setembro ganha destaque para debater o assunto e levar a conscientização sobre o tema.
O que são transtornos mentais?
Segundo o Hospital Santa Mônica, “o transtorno mental é uma disfunção da atividade cerebral que pode afetar o humor, o comportamento, o raciocínio, a forma de aprendizado e maneira de um indivíduo se comunicar.”.
Os tipos mais comuns de transtornos mentais são:
- depressão,
- ansiedade,
- bipolaridade,
- demência,
- esquizofrenia,
- autismo,
- estresse pós-traumático
- transtorno obsessivo-compulsivo.
O diagnóstico é feito, principalmente, por médicos psiquiatras, mas também pode ser feito por psicólogos em alguns casos. E são estes profissionais os responsáveis por guiar o tratamento do paciente, que pode envolver sessões de psicoterapia e medicamentos, entre outros.
Também vale dizer que certos transtornos mentais são gerados pela falta de vitaminas ou disfunção em alguma parte do organismo, como a tireoide. A glândula regula o gasto energético, temperatura corporal, e esses hormônios atuam nas funções do cérebro, coração, fígado e rins. Um dos efeitos de uma tireoide desregulada, por exemplo, é a depressão.
Então já fica o nosso alerta: faça um check-up anual, porque o corpo e a mente estão conectados e o que afeta um, afeta o outro. É importante também que você sempre mantenha o autoconhecimento em dia – ele é uma das formas mais poderosas que temos para tomar decisões melhores para nós mesmos e entender quando algo não vai bem na nossa vida. Para isso, temos ferramentas que podem te ajudar nessa jornada.
Como ajudar um colega que sofre com transtornos mentais?
Agora que você já sabe o que são transtornos mentais, vamos à parte prática: como ajudar.
1 – Notou um comportamento estranho no outro? Converse com ele
Se de um tempo para cá o seu colega que era todo risonho de repente está quieto, mais sério, e até enfrentando problemas com entregas de trabalho, busque conversar com ele. No entanto, sem o intuito de julga ou criticar. Você deve ouvir e acolhê-lo. É importante também ter a humildade de reconhecer que nunca sabemos como é estar na pele do outro, então mesmo aqueles problemas que parecem pequenos para nós precisam ser escutados com atenção.
Se ele não quiser abrir diálogo, não force. O assunto por si só é muito íntimo e, para alguns, pode ser vergonhoso. Portanto, forçar a barra pode gerar uma situação desconfortável. Respeite e se coloque à disposição quando ele quiser falar sobre o assunto. Isso exige também saber desenvolver a habilidade de comunicação, algo cada vez mais importante.
2 – Escute sem julgar – e não só no Setembro Amarelo!
Quando alguém te procurar para conversar, entenda que essa pessoa está fazendo isso porque confia em você. Não quebre essa confiança criticando seu comportamento e, muito menos, fazendo fofoca por aí. Pode ser difícil, mas procure escutar sem pensar em qual a sua opinião sobre o que estão dizendo. O importante é entender como o outro está se sentindo e mostrar que ele não está sozinho.
Críticas e julgamentos já são feitos de inúmeras formas pela sociedade. Por isso tantas pessoas acabam lidando sozinhas com transtornos mentais.
3 – Evite comparações
Por mais tentador que seja, quando alguém dividir um problema com você, não faça comparações com outras pessoas ou consigo mesmo. Não aja também como se a forma como você lida com essas questões fosse a melhor também para seu colega. Isso pode fazer com que ele se sinta ainda mais impotente e frustrado.
Por mais que as pessoas sejam semelhantes de muitas formas, cada um é único e reage de formas diferentes. Portanto, evite fazer comparativos sobre como você ou o seu conhecido lidaram com a depressão no sentido “crítico”.
O seu foco deve ser ouvir e se colocar à disposição para que ele saia dessa.
4 – Não faça diagnósticos – nem dê palpites de tratamento
Diagnósticos são feitos por médicos especializados. Oriente seu colega a buscar um profissional médico para fazer o diagnóstico, indicar o melhor tratamento e acompanhar o caso.
Nem pensar em indicar remédios, ok? Mesmo que a sua tia tenha depressão, por exemplo, o tratamento dela não é o único para tratar dessa doença. Cada caso é um caso e as consequências de uma medicação não adequada podem ser muito graves.
5 – Colabore para que o ambiente de trabalho seja seguro
Se você está ciente que o outro está enfrentando uma crise, coloque-se à disposição para ajudar em certas tarefas que você pode contribuir e tente avisá-lo com mais antecedências das demandas que você já sabe que vão surgir.
Busque ser uma boa companhia, inclusive à distância. Nem sempre o outro se sentirá à vontade para conversar ou se abrir e está tudo bem. Respeite o espaço do outro.
Além disso, pergunte se há alguma situação que dá gatilhos para iniciar uma crise, pois assim, você consegue ajudar de forma mais efetiva. Sugira que ele procure o RH ou seu gestor para uma conversa franca, para que ele receba o apoio que precisa ou até mesmo alguns dias para se afastar, se necessário.
6 – Esteja preparado para agir
Há alguns sinais que nos indicam uma situação de alerta. Se alguém que parece deprimido e disser: “Bem, foi bom conhecê-lo” ou “Talvez eu não o veja na próxima semana”, essas são dicas de que você precisa agir rápido.
Mantenha contato e dependendo da situação, avise um familiar. Isso não significa que você se intrometeu na vida do outro, mas que você está buscando ajuda de pessoas mais próximas a ele para evitar o pior.
Conclusão
No final, não lidar ou ignorar transtornos mentais no local de trabalho afetará negativamente não só a pessoa que sofre com essa doença, mas a você também. A verdade é que todo mundo pode um dia sofrer, em alguma medida, de um transtorno mental. Logo, um ambiente psicologicamente seguro é importante para todos.
Vale lembrar que para todas essas dicas acima, desenvolver as suas soft skills é essencial.
Aproveite o Setembro Amarelo e incentive a sua empresa a promover discussões sobre o assunto que levem a conscientização e também a oferecer espaços seguros para quem sofre com tais doenças.
Faça a sua parte e não alimente o preconceito. Escute ativamente, aprenda e não ignore.