Dar e receber feedback faz parte da dinâmica de trabalho – mesmo para aqueles que não são líderes. E aos que querem crescer na carreira, fica o recado: o feedback é um dos principais motores da liderança eficaz e de alta performance.
Embora o feedback faça parte do dia a dia, muitos ainda se sentem ansiosos em estar nessas situações. Quando precisam dar um feedback para um colega, por exemplo, temem que isso prejudique seu relacionamento. Por outro lado, receber um feedback também pode ser um desafio. Afinal, podemos nos sentir expostos e criticados.
A preocupação é válida, mas, se o processo leva em conta alguns critérios para dar e receber feedback, a experiência deixa de ser traumática e passa a ser vista como uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento na carreira.
Feedback negativo corretivo – entenda como funciona
Antigamente o feedback era definido como feedback positivo e negativo. Essas definições acabavam, de alguma forma, associando o feedback negativo a algo ruim. Poderiam surgir sentimentos de raiva, frustração e constrangimento; prejudicando o progresso de desenvolvimento de ambos e quebrando a confiança.
Hoje em dia, as definições ganharam uma outra roupagem na tentativa de desassociar os sentimentos negativos ao dar e receber feedback. Para deixar claro que a intenção por trás de um feedback é sempre o desenvolvimento das pessoas, hoje chamamos de feedback corretivo e feedback positivo.
O feedback corretivo tem o objetivo de orientar e ajudar a alcançar um resultado positivo, mostrando pontos de melhorias que devem ser trabalhados ao longo do tempo.
Já o feedback positivo é aquele que destaca ações que foram positivas para a equipe ou empresa e orienta quais são os próximos passos para que essas ações positivas continuem.
Seja qual for o feedback, é preciso que seja assertivo, consistente e dado no timing certo. Confira as próximas dicas para dar e receber feedback sem constrangimentos.
4 dicas para dar feedback
1 – Foque nas ações e não na pessoa
Talvez seja difícil distinguir as ações da pessoa. Mas é fundamental que o feedback seja sempre sobre coisas que a pessoa fez ou deixou de fazer e não sobre quem ela é. Ações são o que a pessoa faz – seja no calor do momento ou em qualquer outra situação. Já quando se fala da pessoa, falamos da sua essência e caráter.
As pessoas erram de diferentes formas e em diferentes momentos e isso não significa que elas sejam ruins, são apenas humanas. Pensando nisso, ao dar um feedback, não diga coisas como “você é” ou “você podia ser”, mas sim termos como “o seu trabalho neste projeto” ou “a sua entrega”.
Afinal, quando falamos do outro, estamos falando muito mais sobre quem somos do que sobre a pessoa em questão. Portanto, tenha empatia e escolha bem as palavras e o tom na hora de dar o feedback.
2 – Procure entender o contexto do outro
Existem dias que não estamos bem e o trabalho pode ser comprometido, seja pelo atraso ou por uma qualidade duvidosa.
Também existem outros motivos que podem atrapalhar o resultado de um trabalho bem feito, como a falta de ferramentas, conhecimento e até questões de saúde mental. Portanto, ao dar feedback considere fazer essa separação e deixe claro para o ouvinte. Afinal, pessoas não são definidas pelo trabalho (e nem por um dia ruim). E mantenha-se à disposição para tirar dúvidas sobre o que você quer dizer com seu feedback.
Sempre que der, ofereça-se para ajudar nas próximas entregas.
3 – Escolha o momento certo para dar feedback
O cuidado na hora de dar feedback não é só com a linguagem, mas também com o timing.
Se deixar passar muito tempo do episódio em questão, o feedback pode não fazer mais sentido. No entanto, dar feedback logo que algo acontece, ainda mais se os nervos estão à flor da pele, pode contribuir para aumentar o problema.
Por isso, nunca dê feedback no calor da situação ou em dias que você está se sentindo frustrado, preocupado ou irritado. A chance de falar algo indevido e injusto será alta. Deixe a poeira baixar para dar o feedback com clareza e sem emoções contraditórias.
4 – Dê o feedback no particular
Existe um motivo de muitos chamarem o feedback de 1:1 (one on one): ele deve ser feito entre você e a pessoa que deve receber o feedback e ninguém mais.
Portanto, reserve um ambiente do escritório, ou marque uma reunião online privada, de forma a criar um ambiente seguro e tranquilo. Se o escritório não possui um ambiente mais privado, chame o colega para tomar um café em algum lugar próximo.
O importante é manter o momento apenas entre vocês, sem gerar qualquer desconforto ou constrangimento – até porque não se sabe como o outro vai reagir. Este é o momento para trabalhar suas habilidades de comunicação, com consciência na forma como você se porta e fala.
Ah, e não adianta reservar um espaço privado e falar em alto som, pois a privacidade deixa de existir.
4 dicas para receber feedback
1 – Não leve para o lado pessoal
Pode ser difícil, mas evite levar o feedback para o lado pessoal. Procure entender o que está no seu controle e que você pode mudar – e não se martirize quanto ao resto. O feedback trata sobre as suas ações e reações, não sobre quem você é – mesmo que o outro não tenha tido “tato”.
Evite situações acaloradas e escute de forma racional para refletir com calma – falaremos sobre isso com mais profundidade nas próximas dicas.
2 – Anote o feedback
Para receber o feedback, não basta ouvir e confiar na memória. Anote os pontos que foram apresentados para que consiga refletir um a um e trabalhar no que é necessário ajustar. E anote também os feedbacks positivos! Afinal, são coisas que você quer dar continuidade e é sempre bom lembrar do que fizemos bem.
Também servirá como um material de consulta na próxima vez que receber feedback, e assim poderá avaliar se houve uma evolução de um feedback para o outro.
3 – Não tente se defender
Na ânsia de querer mudar a opinião que o outro formou sobre o seu trabalho, talvez a primeira reação seja se defender imediatamente – até interrompendo o interlocutor.
Essa reação não é ideal ao receber feedback. Em primeiro lugar, você não estará praticando a escuta ativa, e em segundo, pode deixar a impressão que você tem um “ego frágil” e por isso não aceita receber feedback.
Mesmo que no momento você considere o feedback injusto, escute com atenção, leve para casa e pense a respeito. É capaz que, após algumas horas, você concorde em alguns pontos.
Feito esse exercício, procure quem deu o feedback para conversar e expor as conclusões que você chegou.
4 – Faça perguntas para entender como pode melhorar
Fazer perguntas demonstra que você está interessado na opinião do outro e que está comprometido no seu próprio desenvolvimento.
Além disso, nem sempre as coisas são tão claras para quem recebe o feedback. Não hesite em questionar e entender como buscar uma solução e onde investir energia para melhorar.
Conclusão
Dizem que o feedback é um presente, portanto, receba-o e agradeça – mesmo que não seja do seu agrado.
O feedback não tem como objetivo agradar ninguém, e sim, ajudar a construir e desenvolver uma versão melhor de si mesmo. É natural que, às vezes, esse processo gere um certo desconforto. Afinal, ele o empurra para sair da zona de conforto.
Leve isso em conta ao dar feedback, colocando-se no lugar do outro e percebendo o comportamento. Dessa forma você conseguirá construir uma abordagem melhor da próxima vez.
Encare o feedback como uma lição para ser feita com calma e tempo e que irá elevar a qualidade do seu trabalho e da sua carreira.
E se você ainda tem alguma resistência em dar e receber feedback, identifique o que leva a se sentir assim e resolva o mal pela raiz. Para te ajudar nisso, ferramentas como mapeamentos de perfil podem ser de grande ajuda.